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Saúde, Ciência & Tecnologia

Mutações na SPASTIN (PEH, SPG4)

Elaborado por Michelle Detoni, PhD em Biologia

NMC, Núcleo Médico Cientifico da ASPEC Brasil

 

A paraparesia espástica hereditária é um grupo de doenças neurodegenerativas caracterizadas por espasticidade e acometimento de marcha devido a mutação no nosso material genético (DNA). No nosso DNA temos milhares de informações (genes) que direcionam o funcionamento da célula e, de maneira geral, do nosso organismo. Um mesmo gene pode ter a capacidade de formar proteínas muito parecidas, que chamamos de isoformas, dependendo do processamento sofrido durante a produção da proteína.

A paraparesia espástica hereditária (PEH) do subtipo genético SPG4, uma das mais comuns, está associada a mutações no gene Spastin, responsável pela síntese de proteínas que atuam como tesouras cortando os microtúbulos. Os microtúbulos são estruturas que constituem o “esqueleto” de nossas células e servem como o trilho para o transporte de substâncias. Sendo estes trilhos montados e desmontados a todo momento, de acordo com a necessidade. Assim, quando temos uma mutação na “Spastin”, que atua “cortando” os microtúbulos, as células de nosso neurônio motor superior têm seu funcionamento afetado e, com o passar do tempo, acabam se degenerando.

Um estudo publicado em 2020 por Arribat e seus colaboradores mostra que a “Spastin” também está associada à adequada dispersão de gotas lipídicas e outras organelas dentro da célula. Eles mostraram que a mutação na “Spastin” altera o tipo de lipídio presente nessas gotas, principalmente nas células dos músculos e do cérebro. Dessa maneira, os pesquisadores sugerem o uso potencial desse perfil lipídico na busca por biomarcadores do subtipo SPG4 de PEH.

 


REFERENCIA:

Arribat Y, Grepper D, Lagarrigue S, Qi T, Cohen S, Amati F (2020) Spastin mutations impair coordination between lipid droplet dispersion and reticulum. PLoS Genet 16(4): e1008665. https://doi.org/10.1371/journal.pgen.1008665

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